Ana Júlia, o menor bebê do Brasil, volta para casa
Ela nasceu com 365 gramas, o menor prematuro do Brasil. Passou quatro meses na UTI em situação de risco altíssimo.
domingo foi o primeiro dia de de Ana Júlia em casa, um bebezinho manhoso que só quer saber de colo.Ana Júlia nasceu com 365 gramas, o menor prematuro do Brasil. Passou quatro meses na UTI em situação de risco altíssimo --e saiu sã e salva.Agora faltava pouco, agora estava quase acabando. Só quem já voltou pra casa sem o filho nos braços sabe o quanto dói passar por isso.
A Leila viveu uma rotina de incertezas desde maio, mas finalmente está chegando ao prédio onde a família mora, no Rio de Janeiro com a Ana Júlia no colo. Um momento de muita intimidade e de muita emoção, que ela permitiu que o Fantástico acompanhasse.
“Eu olho pra ela e tentando acreditar que está acontecendo tudo isso sabe, que estou podendo viver o que eu tanto sonhei, o que eu tanto almejei nesse período todo, um período longo, difícil”, conta Leila Horácio.
Exatos 132 dias de espera, angústia e muita ansiedade. Leila é hipertensa. Por isso, a gravidez foi interrompida na 24º semana - quatro meses antes do previsto.
Frágil e delicada, Ana cabia nas mãos dos médicos. O pezinho era menor que o dedão da enfermeira. O bebê pesava 365 gramas e media 27 centímetros. E logo enfrentou uma cirurgia cardíaca.
“Alguma coisa sempre me falava: pode ficar tranquilo que essa daí vai sobreviver”, diz o pai Jorge Eduardo Horácio.
A força da família foi alimentada pela dedicação dos profissionais e pela tecnologia disponível hoje.
“Quinze anos atrás, menos de 10% de crianças de 500 gramas sobreviviam e hoje eu diria que mais de 80% dessas crianças tão sobrevivendo. Então a tecnologia foi determinante’, explica o médico José Maria Lopes.
As que pesam menos de 500 gramas, como Ana Júlia, são de altíssimo risco e precisam de acompanhamento as 24 horas do dia.
“Um simples manuseio, uma coleta de sangue, uma troca de fralda, elevar as perninhas do bebê pra trocar a fralda, eventualmente pode ter uma oscilação de pressão e isso pode ser um fator de risco pra que haja um sangramento cerebral”, explica o médico Fernando Martins.
“A principal causa de uma gestação terminada prematuramente é a ausência de pré-natal. A condução do pré-natal bem feita é a garantia de sucesso na gestação e que ela chegue o mais próxima do termo possível”, observa Fernando.
“Esse bebê aqui eu tenho o orgulho de dizer que eu segurei na palma da minha mão, cabia aqui e desse tamanhozinho, pequenininho foi o primeiro colo”, relembra o chefe de enfermagem José Antônio Pires.
A brava e ainda pequenina Ana Júlia, com 2,345 quilos e 43 centímetros, recebia alta.
“Eu vou sentir falta demais dela Essa coisa de você saber que o seu trabalho está cumprido, mas ao mesmo tempo te dá aquela coisa assim, aquele frio, poxa, vai embora. A gente queria mais um pouquinho também”, diz a médica residente Carina Ribeiro.
Leila ouviu as últimas recomendações médicas e se despediu das mães que ficaram na UTI.
É Dia das Crianças na terça-feira e Ana Júlia já ganhou de presente casa e uma família vitoriosa.
“Eu me sinto uma privilegiada de ser mãe de um bebê que já veio me ensinando tanta coisa”, afirma Leila.
“O quartinho está pronto. Filha, esse é o seu quarto. Você vai ser muito feliz, estou muito orgulhosa de você”, diz Leila, emocionada, numa declaração de amor a Ana Júlia.
Fonte: Globo.com