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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Em 1996, mãe de Tiririca dizia que ele era analfabeto

Em 1996, Francisco Everardo Oliveira, o palhaço Tiririca, era um fenômeno popular do humor e da música. Uma reportagem de VEJA publicada naquele ano relatava que ele era tímido, analfabeto e não gostava de política. Desde então, o palhaço participou de programas humorísticos, perdeu a timidez e resolveu encarar o meio político.

No último dia 3 de outubro, tornou-se um fenômeno também nas urnas. Elegeu-se deputado federal com a maior votação do país: 1.353.820 de votos. Mas a justiça ainda questiona se, nesses 14 anos, Tiririca também aprendeu a ler e escrever – requisito para a candidatura.

O texto publicado por VEJA tratava de um processo sofrido pelo palhaço por causa da música Veja os cabelos dela, considerada racista. Tiririca pedia desculpas por uma possível ofensa que tenha feito e dizia que a mãe, Maria Alice Oliveira Silva, era negra. Alice foi quem comentou que o filho sabia apenas "desenhar o nome". Na época, Everardo era religioso, não ia ao cinema nem ao teatro, gostava de música, televisão e futebol. Nada de política.

Com o cachê de 15.000 reais que recebia da gravadora EMI, pagava o aluguel de 6.500 reais da casa de
15 cômodos, seis banheiros e uma piscina em que morava, em um bairro nobre da capital paulista, com outras 18 pessoas, entre amigos e parentes.

Ao se candidatar a deputado, declarou não ter nenhum bem em seu nome. Em outra entrevista a VEJA, afirmou ter colocado o que tinha no nome dos filhos para evitar pedidos de pensão das ex-mulheres. Sua campanha custou pelo menos 3,5 milhões de reais ao Partido Republicano (PR), pelo qual se elegeu.

Dúvida - No último dia 4, Tiririca tornou-se réu em um processo sob suspeita de ter falsificado o documento apresentado como prova de que é alfabetizado. A denúncia, feita pelo Ministério Público, foi aceita pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, que deu um prazo de 10 dias, após a notificação, para que o deputado se defendesse. O processo, no entanto, está parado porque a Justiça não encontrou o réu para notificá-lo.

O promotor Mauricio Antônio Ribeiro Lopes entrou em acordo com o advogado do palhaço para que ele receba o documento nesta quinta-feira. Somente quando isso acontecer começará a contar o prazo para a defesa. Se condenado, Tiririca poderá ser punido com reclusão de cinco anos e pagamento de multa. O processo pode ainda resultar numa ação para cassar o registro de candidatura ou o diploma de deputado, caso já o tenha recebido, por ele não ter cumprido uma exigência mínima para disputar uma eleição: saber ler e escrever.
Fonte: VEJA

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