Cientista diz que pode transformar olhos castanhos em azuis
Olho após o procedimento: pigmentação marrom vai dando lugar a coloração azulada
Em entrevista à emissora de televisão americana KTLA, o cientista Gregg Homer afirmou que, em poucos anos, coloração azul dos olhos não será mais uma exclusividade genética. Segundo ele, com o auxílio do laser, num um procedimento simples e rápido, será possível transformar olhos castanhos em azuis.
Homer estuda a técnica de despigmentação da íris há mais de 10 anos. A técnica descrita na reportagem veiculada pela KTLA, consiste em destruir as camadas de pigmento que compõem a cor da íris com a ajuda de um laser, num processo semelhante à remoção de tatuagem. O procedimento, afirma Homer, já foi testado em poucos seres humanos e não apresentou riscos à saúde ocular. O cientista espera agora arrecadar fundos para seguir com os testes.
Embora a vontade de exibir olhos azuis seja um forte atrativo para muitos, especialistas advertem que o procedimento é arriscado e que o único ganho é estético. Apesar de a técnica ser em teoria, viável, os riscos – minimizados por Homer durante a entrevista à emissora de televisão – são altíssimos, diz Paulo Schor, oftalmologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“É um absurdo. Toda população que for submetida a esse procedimento fatalmente terá glaucoma.”
Mario Motta, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, explica que a camada superficial da íris (chamada de estroma) contém o pigmento melanina, o mesmo responsável por determinar o tom da pele. Ao remover o pigmento com laser, a parte abaixo, menos pigmentada, fica com um aspecto azulado.
“Usar o laser para remover a melanina tira a proteção dos olhos. É um procedimento que pode provocar diversas complicações sérias, inclusive a cegueira.”
A íris, responsável pela cor dos olhos, é composta por diversas camadas. Quanto maior o número de camadas, mais pigmentada ela será. Pessoas albinas têm a íris bem clara, e são muito sensíveis à luz. É a melanina protege os olhos da radiação solar.
"É como remover tatuagem. Na pele, fica a cicatriz, nos olhos, não há por onde eliminar os resíduos desse pigmento destruído", aponta Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, em Porto Alegre. O resultado disso, explica, pode ser a obstrução dos vasos sanguíneos do olho, o aumento da pressão intraocular e, por fim, o glaucoma.
Sem limites
Mário Motta acha difícil que a técnica consiga aprovação em comitês de ética médica sérios. “Não faz sentido. A proposta é trocar olhos castanhos saudáveis por olhos azuis possivelmente doentes. a" diz o médico.
A íris afinada pelo procedimento proposto pelo cientista americano ainda deixa mais exposto o cristalino. Esse aumento da penetração de luz pode predispor a catarata precoce por conta do excesso de radiação ultravioleta.
Veiculada internacionalmente, a notícia já redeu ligações nos consultórios do médico da Unifesp. Ao menos três pacientes deixaram recado nesta quinta-feirabuscando informações sobre o procedimento, ansiosos para conquistar um par de olhos azuis.
“É um nicho de mercado facilmente explorado. As pessoas sonham com essa possibilidade, como se a cor dos olhos resolvesse todos os problemas pessoais ou insatisfações estéticas.”
As informações são do IG