Kodokushi, fenômeno conhecido como morte solitária, vem crescendo no Japão
O termo japonês kodokushi, ou “morte solitária”, se refere a uma pessoa que morre sozinha, com a sua ausência não sendo percebida por semanas até que algum vizinho descubra o falecimento. Como a população idosa vem aumentando consideravelmente no Japão, e muitos japoneses vivem sozinhos, o termo está tragicamente se tornando mais comum.
Mais recentemente, o corpo de um homem de 85 anos foi encontrado em seu apartamento, em Tóquio, um mês após a data estimada de sua morte. De acordo com o blog da Reuters, o pagamento das contas do homem eram processadas diretamente pelo banco, e a família não o costumava visitar. Seu corpo só foi encontrado quando seu vizinho de baixo começou a perceber um cheiro desagradável.
Não se tem um número exato de quantos japoneses estão morrendo na solidão, já que o governo não coleta dados compreensivos sobre esse tema. Os pesquisadores, entretanto, dizem que o termo se tornou popular depois do terremoto de Hanshin, em 1995, quando milhares de idosos japoneses tiveram que se mudar, e os casos de kodokushi começaram a ser relatados.
Desde então, o número de relatos e empresas envolvidas na limpeza das casas aumentou consideravelmente. Em 2010, uma empresa de mudanças em Osaka afirmou que 20% dos seus trabalhos consistiam na limpeza de casas relacionadas ao kodokushi, e outra companhia de Tóquio disse que metade das suas 450 limpezas foram para casas onde as pessoas haviam morrido de maneira solitária. Alguns distritos japoneses inclusive lançaram campanhas visando a prevenção dessas mortes.
O número de mortes solitárias continua crescendo ao mesmo passo em que cresce o número de pessoas que vivem sozinhas. De acordo com o censo de 2010 no país, as pessoas que viviam sozinhas representavam 32% da população. Em 1995, para efeito de comparação, esse número era de 25%. Em Tóquio, os “solitários” representam 46% da população. O Instituto Nacional de População e Pesquisa em Segurança Social do país prevê que as pessoas que vivem sozinhas representarão 40% do total da população japonesa em 2030.
Abaixo, confira a coleção de fotografias feitas por Toru Hanai, especialista da companhia responsável pela limpeza do apartamento do homem de 85 anos encontrado morto em seu apartamento em Tóquio.
Calendários e papeis antigos foram encontrados no apartamento. / Reuters/Toru Hanai
Reuters/Toru Hanai Um dos trabalhadores utiliza inseticidas para matar as moscas presentes no local.
Reuters/Toru Hanai
Uma carta e um relógio foram encontrados abandonados no apartamento. / Reuters/Toru Hanai
Os corpos que não são procurados pelo familiares ou amigos não recebem funeral, e são enterrados em túmulos sem marcações. / Reuters/Toru Hanai
Os trabalhadores levaram cerca de 6 horas para limpar o apartamento, tomando todos os cuidados para realizar a tarefa de maneira discreta, sem atrapalhar nenhum vizinho. / Reuters/Toru Hanai
Depois da limpeza, são colocadas flores e incenso no lugar onde o corpo foi encontrado. Uma foto do rapaz também é deixada junto às flores. /Reuters/Toru Hanai
Fonte: Quartz