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domingo, 5 de junho de 2016

O adeus trágico de Rodrigo Netto, guitarrista do Detonautas, aos 29 anos

 
 No dia 4 de junho de 2006, o Brasil perdia Rodrigo Netto, guitarrista do Detonautas. Mais uma vítima da violência urbana, Nettinho, como era conhecido, foi assassinado ao tentar fugir de um assalto na Zona Norte do Rio. O músico, de 29 anos, voltava de uma festa com o irmão e a avó, quando bandidos emparelharam com seu carro para assaltá-los no bairro do Rocha.

A morte foi noticiada na primeira página do GLOBO no dia seguinte: “Guitarrista do Detonautas morre ao reagir ao assalto. Músico tentou fugir ao ser abordado por quatro bandidos na Zona Norte”.

Rodrigo acelerou para escapar e os criminosos reagiram com tiros que atingiram o guitarrista, morto na hora, e Rafael, seu irmão, que ficou ferido. Testemunhas contaram que os primeiros disparos foram efetuados após ele ter se recusado a parar o carro a mando dos assaltantes. Após seguir dirigindo ferido, Rodrigo Netto perdeu a direção e os bandidos, sem sair do veículo, o xingaram e ainda atiraram mais duas vezes.
O músico foi baleado na altura da axila e seu irmão foi atingido no ombro e no pulmão. A avó, de 87 anos, não ficou ferida, mas entrou em estado de choque. Além dos ocupantes do veículo, uma mulher que estava num ponto de ônibus próximo ao local foi atingida de raspão no supercílio por um dos disparos. Os suspeitos pertenciam a uma quadrilha da região especializada em ataques a carros para roubar dinheiro, joias e objetos dos motoristas e passageiros. Entre os criminosos, havia dois menores. Um adolescente acusou o outro do disparo que matou o músico, e os dois foram presos dias depois do assalto.

Após a morte de Rodrigo Netto, a polícia mobilizou equipes para operações especiais em áreas com maior incidência de roubo de carros, delito que havia se multiplicado na época. O enterro do guitarrista no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, reuniu cerca de 300 pessoas. Em meio a comoção e protestos, fãs, amigos e familiares criticaram a violência e a corrupção na cidade. Durante o sepultamento o cantor Gabriel, o Pensador disse:

— Nettinho era muito do bem, uma pessoa muito pacífica. O que aconteceu é uma tragédia, a que não podemos nos acostumar. Infelizmente, parece que os governantes não se importam mais.

A banda Detonautas Roque Clube, ou simplesmente Detonautas, surgiu em 1997 do encontro do cantor Luiz Guilherme (Tico Santa Cruz) e do baixista Eduardo Simão (Tchello). Em 2002 eles lançaram seu primeiro álbum (“Detonautas Roque Clube”) e, embalados por hits, entre eles “Outro lugar”, “Quando o sol se for” e “Olhos certos”, alcançaram sucesso nacional. Depois lançaram mais três álbuns e se apresentaram no Rock in Rio, no dia 2 de outubro de 2011, no mesmo palco que Guns N’Roses, Pitty e Evanescence.
Os Detonautas seguiram com um músico a menos até 2008, quando Philippe Machado, que já fazia base de guitarra no backstage do palco, recebeu o convite para fazer parte da banda. Em 2014, o baixista Tchello desligou-se do grupo.

Em fevereiro de 2010, Rogério Allan Aguiar Gomes, um dos acusados de envolvimento no assassinado de Nettinho, morreu durante tiroteio com policiais militares em Benfica. O bandido continuava a roubar carros na Zona Norte. Rogério Allan havia cumprido três anos de medida socioeducativa (ele era menor à época do crime), sendo solto no início de 2010. Em 2013, Peterson Oliveira da Costa, um dos assassinos condenados pela participação na morte do guitarrista, obteve benefício de saída temporária do presídio e não retornou. O criminoso ficou foragido, mas foi recapturado por policiais da UPP da Mangueira.

Via Acervo

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