21 perguntas que a medicina ainda não conseguiu responder
1 perguntas que a medicina ainda não conseguiu responder HIV
1. Por que alguns portadores do vírus da aids não desenvolvem a doença?
Até hoje, quase 30 anos depois de registrados os primeiros casos da doença, ninguém encontrou a resposta. Os sintomas iniciais da aids costumam aparecer entre 8 e 10 anos após a infecção pelo vírus HIV. Algumas pessoas, contudo, podem ficar décadas sem desenvolvê-los, ainda que não tomem remédio. São os “sobreviventes de longo prazo” (SLP), que representam 5% do total de infectados. O americano Kai Brothers, por exemplo, acredita ter contraído o vírus em 1981. Tinha 18 anos. Hoje, aos 47, continua sem apresentar o menor sinal da doença. Segundo o virologista Jay Levy, professor da Universidade da Califórnia (Ucla) e um dos pioneiros na identificação o HIV, a chave para o enigma provavelmente está nas células de defesa do organismo chamadas linfócitos T CD8. Elas funcionam como “soldados”, atuando na linha de frente contra vírus, bactérias e outros invasores. Mas dependem de ordens enviadas pelas células CD4 (os “generais”), sem as quais não conseguem desempenhar esse papel. É justamente nelas, as CD4, que o vírus da aids se instala para se multiplicar. Como o trabalho das CD8 é combater células infectadas, o resultado é uma espécie de curto-circuito no exército de defesa. Chega um momento em que o número de células CD4 presentes no sangue é tão baixo, em decorrência do ataque das CD8, que o sistema imunológico fica vulnerável a infecções oportunistas. É quando os sintomas da aids começam a se manifestar. “Os sobreviventes de longo prazo, porém, conseguem manter a defesa natural contra o vírus durante muitos e muitos anos”, diz Levy. “Nessas pessoas, as células CD8 produzem um fator antiviral capaz de bloquear a replicação do HIV sem matar as CD4 infectadas.” Para o virologista, é do estudo desse fator que poderá sair uma vacina efetiva contra a aids nos próximos anos. “Antes, acreditava-se que o vírus destruía o sistema imunológico de todos os portadores. Agora sabe-se que uma parcela deles pode sobreviver por décadas sem os sintomas. É por isso que estimulamos as companhias farmacêuticas a pesquisarem também o sistema imune, e não apenas o vírus.” Enquanto Levy aposta nas CD8, outros cientistas acreditam que a resposta está no CCR-5 – um receptor que atua como mensageiro entre as células. Por causa de um “defeito” genético, as células dos sobreviventes de longo prazo não têm esse receptor. E, sem ele, o HIV não consegue invadi-las. O problema dessa teoria, no entanto, é que ela explica apenas uma parte da história. “A falta do CCR-5 pode proteger as pessoas da infecção pelo tipo R5 do vírus”, afirma o pesquisador da Ucla. “Mas, quando elas são infectadas pelo tipo X4 [que usa o receptor CXCR-4r para se espalhar], a progressão da doença ocorre normalmente.” Uma terceira hipótese está relacionada às células dentríticas plasmacitoides (PDC). Elas produzem a proteína IFN-a, que também seria capaz de bloquear o vírus. Uma proteína desse tipo pode ser a explicação para o misterioso caso das “prostitutas de Nairóbi”. Nos anos 80, centenas de quenianas ficaram conhecidas assim porque mantinham relações com homens infectados pelo HIV, sem camisinha, mas não desenvolviam aids.
Pandemia de Aids
Infectados – 36,1 milhões.
Mortes desde 1981 – 25 milhões.
Sobrevida média – 20 anos (com tratamento); 10 anos (sem tratamento).
Países mais afetados – África do Sul, Botsuana, Lesoto, Moçambique, Suazilândia, Zâmbia, Zimbábue, Índia e Tailândia.
Fontes: Unaids e Avert.
Birita
Para a maioria dos médicos, sim, o alcoolismo é incurável. Trata-se de uma doença complexa, que envolveria múltiplas causas de fundo hereditário, psicológico e social. O cardiologista francês Olivier Ameisen, no entanto, garante ter livrado a si próprio da dependência – embora sua suposta façanha seja vista com desconfiança pela maior parte da comunidade científica. Dono de uma carreira brilhante nos EUA, Ameisen foi professor da prestigiosa Universidade de Cornell, em Nova York, e sempre teve seu consultório frequentado por celebridades. Mesmo assim, sofria de ansiedade e baixa autoestima. Acabou encontrando no álcool um alívio. E pouco tempo depois já era um dependente. Nos anos 90, o cardiologista diz ter tentado de tudo para para se livrar do vício. Não conseguiu. Fechou sua clínica e retornou a Paris. Mas sempre teve a convicção de que a causa da doença era biológica – e que haveria, portanto, uma cura possível. Como sofria de espasmos nos músculos, começou a tomar 5 miligramas diários do relaxante muscular baclofeno. Então, veio a surpresa: “Comecei a dormir como um bebê e o impulso de beber diminuiu”. A partir daí, Ameisen se interessou por pesquisas que avaliavam o efeito do medicamento em animais. Em 2000, deparou-se com um estudo sobre ratos que, depois de ser levados à dependência de cocaína, libertaram-se do vício graças ao relaxante. Logo encontrou outros trabalhos que indicavam os mesmos resultados com camundongos viciados em heroína, anfetaminas e… álcool! Será que a substância funcionaria em humanos? “Decidi ser a cobaia”, lembra o cardiologista, que chegou a tomar 270 miligramas de baclofeno por dia. “Em poucas semanas, parei completamente de beber.” De acordo com Ameisen, o remédio age no cérebro por meio dos receptores GABA-B, relacionados com o controle da ansiedade. É ali que o álcool atua, relaxando a pessoa. O baclofeno entra nesses canais e produz o mesmo efeito. A diferença, segundo o cardiologista, é que não provoca dependência. Ele afirma que um experimento com 60 pacientes monstrou eficácia de 88%. Mas reconhece: será difícil convencer os colegas de que encontrou a cura para o alcoolismo. Sua suposta descoberta foi respaldada por Jean Dausset, Prêmio Nobel de Medicina. Mesmo assim, Ameisen continua enfrentando resistência. Segundo os críticos, tudo pode não ter passado de efeito placebo (leia mais na pág. 56).
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