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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Fotos mostram PM com máscara de palhaço apontando machado contra rapaz negro

Duas fotos, de um PM (policial militar) fardado, vestindo uma máscara de palhaço, com um machado e uma arma apontados na direção da cabeça de um rapaz negro, que pede clemência, estão circulando nas redes sociais desde a tarde da última quarta-feira (13).

As imagens teriam começado a ser reproduzidas por PMs em grupos restritos a policiais no WhatsApp. Depois, viralizaram em vários grupos, principalmente da zona norte da capital. A legenda utilizada por quem espalhou as imagens é: “Tem tatuagem de palhaço, mas quando vê um na frente fica com medo”.

Em janeiro de 2015, o capitão da Polícia Militar baiana Alden dos Santos divulgou um estudo que apontou que a maioria dos presos que tem tatuagens de palhaço tem ligação com roubo ou envolvimento em morte de policiais. No entanto, de acordo com o próprio capitão da PM, “nunca nenhum cidadão poderá ser abordado somente por apresentarem tatuagens descritas na cartilha”.
A cartilha a que ele se refere é de tatuagens de bandidos, coletadas por ele em presídios, delegacias, institutos médicos legais, jornais, revistas e redes sociais. Aproximadamente 50 mil documentos e fotos foram averiguados pelo PM para a divulgação do estudo.

O advogado Ariel de Castro Alves afirmou que as duas imagens específicas incitam um crime previsto no Código Penal. “Art. 286 – incitar, publicamente, a prática de crime: pena – detenção de 3 a 6 meses ou multa. Pediremos que a Ouvidoria de Polícia abra um procedimento para identificar os policiais e apurar a conduta deles”, disse à Ponte Jornalismo. Ariel é membro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) e do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

“Nesse caso, há incitação ao cometimento de assassinatos de pessoas que tenham tatuagens de palhaços no corpo. O uso de máscara de palhaço com o fardamento também ofende a própria instituição PM. Fere também as normas internas da corporação, cabendo sindicância administrativa”, complementou o advogado.

O ouvidor da Polícia, Julio César Neves, afirmou à reportagem que o Comando da PM deve investigar as imagens. “Não faz parte do protocolo da Polícia Militar. Fazer aquilo e tirar uma foto daquele jeito é errado. A gente vai pedir para averiguarem. Pra Corregedoria da Polícia Militar averiguar. Porque foge completamente do Código de Conduta da PM”, disse.
Suspeita

No fim da tarde de ontem, o ouvidor Julio César Neves e Luiz Carlos Santos, membro do Condepe foram ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), da Polícia Civil de São Paulo. Lá, estava sendo detido um homem acusado de ter matado o policial militar Leandro Lessa de Souza, após uma tentativa de assalto no Ipiranga, zona sul, no último dia 25 de junho.

O ouvidor relatou à Ponte que o rapaz poderia ser o mesmo da imagem dos policiais com máscara de palhaço. Mas não soube dar mais detalhes. Luiz Carlos Santos disse à reportagem que às 15h desta quinta-feira (14), ele e o presidente do Condepe, Rildo Marque de Oliveira, vão ter uma reunião com o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, e que vão “colocar as imagens na mesa”.

“Nós vamos falar sobre violência policial, principalmente desde a morte do menino Ítalo, e do caso do universitário, sobre o histórico dos policiais mortos recentemente, o desamparo das famílias desses policiais e colocar na mesa essas duas fotos, do PM vestido de palhaço, para que seja tomada alguma providência. Os PMs envolvidos vão ter que ser identificados e responder pelo o que fizeram”, disse à Ponte Luiz Carlos Santos.
Quando foi morto, o policial estava à paisana, em frente a um comércio. Ele entregou a carteira ao bandido e, na sequência, reagiu ao assalto. O assaltante atirou e fugiu. Souza foi socorrido ao pronto-socorro do Hospital Estadual do Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos. Familiares e amigos afirmam que o governo não deu a devida importância para a morte do policial. Inclusive, relatam que tiveram de fazer uma “vaquinha” para pagar o caixão e enterro do PM.

A reportagem procurou a SSP (Secretaria da Segurança Pública), que tem à frente Mágino Alves Barbosa Filho, nesta quarta gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), para que a pasta se posicionasse sobre o caso. A Ponte informou a suspeita do ouvidor e do Condepe à secretaria e questionou: caso seja o mesmo rapaz, como ele foi detido por PMs em um momento e se entregou, por espontânea vontade e com advogado, depois?

Até a divulgação desta reportagem, a SSP não respondeu o questionamento.

Luiz Carlos Santos afirmou que, se for o mesmo rapaz, o caso é ainda mais grave. “Eu e o Rildo temos a clara consciência de que, se for o mesmo rapaz, que até é parecido, há alguma coisa ainda pior. Porque o rapaz estaria já na mão do Estado, preso pelos PMs. Teria que ser investigado por que ele não foi encaminhado a um DP”.

Via Ponte / BUD

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