Três olimpíadas, três medalhas de ouro. Não é de hoje que o velocista jamaicano Usain Bolt é tido como o melhor corredor do mundo. Ele já atingiu a marca máxima que um ser humano pode atingir: 45 km/h nas provas de 100 metros.
Será que esse cara não é de outro planeta? Apesar de extraordinário, a ciência explica o motivo de Bolt ser tão veloz.
Velocidade de Bolt
Paul Gilham / Getty Images
Se você já assistiu a alguma disputa de atletismo com Bolt, já atentou para a forma com que ele salta. As longas passadas que ele dá o colocam à frente de todos os atletas.
Para completar uma prova de 100 metros, velocistas amadores dão de 50 a 55 passos até a linha de chegada. Um corredor profissional dá, em média, 45 passos.
E o Bolt? Normalmente precisa de 41 passos antes da esperada ida ao pódio.
Isso acontece porque os atletas têm mais impulsão. Suas fibras musculares têm contração rápida: por isso, são mais fortes, poderosos e rápidos.
Numa prova de 100 metros, em que a explosão inicial conta bastante, músculos com essa característica dão mais vantagem ao atleta olímpico.
Agachar pra correr
Logo no início da prova, manter-se agachado é uma forma de exercer força horizontal para empurrar o corpo pra frente.
Em
entrevista à rádio 4 da BBC, John Brewer, especialista em saúde esportiva da Universidade de St. Mary's (Inglaterra), explicou:
“Nessa etapa eles se levantam, mas não ao máximo. Muitos nem se preocupam em respirar, já que isso os tornariam mais lentos. E nesta alta intensidade o oxigênio não importa. Ele criou uma alta porcentagem de energia anaeróbica, o que resulta em falta de oxigênio. Por isso vemos que ele, como os outros atletas, respira profundamente”.
Por que grandes corredores vêm da Jamaica?
Era esperado que Usain Bolt atingisse marcas incríveis nas Olimpíadas do Rio, mas outra atleta tem se equiparado a ele no atletismo. Trata-se da também medalhista Elaine Thompson, que, assim como Bolt, é jamaicana.
O fato de os dois se darem tão bem nessas provas não é bem uma coincidência.
Um
estudo de 2010 analisou a genética dos corredores da Jamaica em comparação com outros lugares do mundo.
Boa parte dos velocistas jamaicanos tem sucesso nesse tipo de esporte por conta de um gene fortemente associado à explosão das corridas.
Esse gene é responsável por garantir melhor frequência cardíaca em altas velocidades, facilitando o fluxo de oxigênio para os músculos, que não perdem a força assim tão facilmente.
Os atletas jamaicanos são mais propensos a ter esse gene, seguidos pelos africanos (da região oeste). Por isso não se surpreenda ao ver a tabela dos atletas mais rápidos de todos os tempos: são todos negros da Jamaica, Estados Unidos, Canadá e Nigéria.
Doping de Usain Bolt?
Atletas jamaicanos são celebrados em seu país como verdadeiros astros. Por isso mesmo, há um grande investimento nessa modalidade esportiva.
Mas algumas edições anteriores das Olimpíadas deixaram bem claro que eles precisam trabalhar melhor a fiscalização. Na edição de Londres, por exemplo, alguns atletas acabaram reprovados em exames antidoping, levando muitos esportistas e jornalistas a questionar se Bolt não seria um deles.
O jornalista Richard Moore investigou a forma com que a Jamaica ‘produz’ grandes atletas no livro “The Bolt Supremacy: Inside Jamaica’s Sprint Factory” (tradução livre: “A Supremacia Bolt: Por Dentro da Fábrica de Corredores da Jamaica”, sem versão brasileira).
Após conversar com diversos técnicos jamaicanos, conhecer a família de Bolt, acompanhar coletivas, entender como os velocistas encaram o motivo de morar num país tão propício a atletas de alto rendimento, Moore chegou à conclusão que, por mais que não pareça nada humano um cara como Bolt correr o tanto que corre, tudo é parte de rígidos treinamentos, ótima genética e um talento natural.
Via
Vix