Você já ouviu falar no viagra feminino?
A droga se chama Addyi e é produzida pela farmacêutica Sprout. Na verdade, em tese se trata do primeiro medicamento para aprimorar a libido em ambos os sexos, embora todo o projeto tenha sido desenvolvido visando as mulheres. O Viagra e outros remédios masculinos servem para criar ereções, não para aumentar o desejo.
“É o maior inovação para a vida sexual feminina desde a pílula anticoncepcional”, afirmou Sally Grennberg, diretora da Liga Nacional dos Consumidores.
Especialistas, porém, dizem que a flibanserina não é livre de riscos, que incluem diminuição da pressão arterial, desmaios, sonolência, náuseas e tonturas.
Anteriormente, a FDA havia rejeitado por duas vezes a droga, em 2010 e 2013. Grupos feministas vinham acusado a FDA de retardar a aprovação do medicamento por machismo. Segundo as ativistas, remédios para homens eram aprovados com mais facilidade.
A farmacêutica Sprout pagou parte dos custos que entidades que participaram do lobby, como o National Council of Women’s Organizations (grupo que congrega várias associações de mulheres), o Black Women’s Health Imperative (voltado para a saúde de mulheres negras), a Association of Reproductive Health Professionals (associação de profissionais que atuam na saúde reprodutiva) e a própria liga de consumidores.
No outro lado, alguns médicos afirmam agora que o ativismo fez o órgão ficar acuado e que a aprovação negligencia os efeitos colaterais da droga.
Um grupo de cientistas, liderados por médicos da Georgetown University Medical Center, organizou um abaixo-assinado com mais de cem assinaturas dizendo que “tal campanha relações públicas financiada por uma farmacêutica é algo sem precedentes e injustificável”.
A Associação Holandesa de Sexologia protestou em carta à FDA dizendo que a droga parte do pressuposto errôneo de que a falta de desejo sexual é uma anormalidade, quando ele pode ser mero fruto da falta de estímulo adequado.
Uma questão importante é que o medicamento não deve ser utilizado por mulheres que bebem álcool, porque isso aumenta o risco de desmaios. Leonore Tiefer, da New York University School of Medicine, afirmou que isso vai causar problemas. É absurdo acreditar que mulheres jovens tomando Addyi vão se abster de beber, afirmou, também em carta à FDA.
A eficácia do medicamento segue polêmica. Um dos testes clínicos mostrou que as mulheres que estavam tomando o medicamento relataram 4,4 “experiências sexuais satisfatórias” por mês, contra 3,7 de um grupo de mulheres tomando placebo (ou seja, pílulas sem princípio ativo, com o objetivo de comparação) e 2,7 antes do estudo começar.
A decisão do FDA não foi uma surpresa, porém, já que um comitê de especialistas já tinha recomendado a aprovação da droga. Por causa das preocupações de que o medicamento seria utilizado de maneira pouco criteriosa pelos pacientes, a farmacêutica se comprometeu a não fazer anúncios publicitários na TV e no rádio por 18 meses após a aprovação.
O preço do Addyi ainda não está definido. Pacientes deverão tomá-lo todas as noites e é preciso esperar algumas semanas de uso antes de surtir efeito. As vendas nos Estados Unidos devem começar em outubro.
O uso só foi aprovado para mulheres antes da menopausa -ou seja, o uso por mulheres após a menopausa ou mesmo por homens ainda tem de ser melhor testado e, se ocorrer, se dará fora das recomendações da FDA.
Especialistas no setor farmacêutico falam que provavelmente a Sprout vai se preocupar primeiro em aprovar o uso em mulheres que já tiveram a menopausa e em vender o produto em mercados de outros países. O possível uso por homens ficará para depois disso.
O medicamento funciona alterando o equilíbrio de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina no cérebro da paciente. Ele foi desenvolvido originalmente como um antidepressivo pela Boehringer Ingelheim. A empresa vendeu a fórmula para a farmacêutica Sprout logo após a negativa dos consultores da FDA em 2010.
Tirando dúvidas
A flibanserina é um medicamento para tratar a falta de desejo sexual de mulheres em idade pré-menopausa com uma redução persistente e inexplicável da libido. A droga foi desenvolvida originalmente para ser um novo tipo de antidepressivo
Como ela funciona?
Tomada diariamente, ela atua sobre substâncias do cérebro ligadas ao humor e ao apetite
É igual ao Viagra?
É diferente e possui outro mecanismo de ação. O Viagra é utilizado para tratar a disfunção erétil causada por uma redução do aporte sanguíneo para o pênis
A droga está aprovada?
A FDA (agência americana) acaba de aprovar sua venda nos EUA do medicamento, após ter analisado a eficácia e a segurança da droga
Tem no Brasil?
Antes da droga chegar às farmácias do país, a fabricante deve pedir aprovação para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Depois de aprovada, a droga poderá ser comercializada
Ainda não há previsão sobre quando isso deve acontecer, embora a regra geral seja que as farmacêuticas busquem rapidamente vender o seu produto em mercados estrangeiros, aumento seus lucros
Via Mega Arquivo